Homenageado
João Acaiabe
Ator, locutor, contador de histórias, radialista e professor de interpretação brasileiro, nasceu em Espírito Santo do Pinhal, no Estado de São Paulo e iniciou sua carreira artística, ainda adolescente, como locutor de rádio. Trabalhou em cinema, teatro e televisão. Usou técnicas de teatro na antiga FEBEM, instituição para atender especialmente a crianças e adolescentes carentes, entre eles alguns autores de atos infracionais cometidos.
Mas foi ainda criança que teve o interesse despertado para arte através do Circos com picadeiros e teatros que passavam pela cidade onde cresceu.
Em 1960, foi o único aluno negro em sua turma no curso universitário da EAD – Escola de Artes Dramáticas, da USP – Universidade de São Paulo e um dos pioneiros na luta racial dentro e fora da arte. Com mais de 50 anos de carreira, Acaiabe, revolucionou a arte ressignicando o Sagrado interpretando o Cristo Negro, em “Jesus Homem”, de Plínio Marcos, trabalho que deveria gerar reflexão, gerou polêmica na época.
Sempre atento aos avanços tecnológicos e novos métodos de comunicação e do fazer arte, Acaiabe foi entrevistado, em julho deste ano, no “Programa Papo (P)reto Especial”, do ator e diretor Sidney Santiago Kuanza.
Carreira
João começou sua carreira como ator, na televisão, em 1977, na novela “O Profeta” e ” “Cinderela 77″ da extinta TV Tupi.
Três anos depois foi para TV Cultura, onde contava histórias infantis, dentro do programa “Bambalalão”, durante sete anos.
Em 1981, ainda na TV Cultura, fez a novela “O Fiel e a Pedra”, em 1982, “O Pátio das Donzelas” e ” O Tronco do Ipê”.
Em 1983, já na TV Bandeirantes, participou da novela “Maçã Do Amor”.
Em 1985, na Rede Globo atuou em “Tenda dos Milagres”, anos depois, em 1998, voltou à emissora para participar de “Alma de Pedra” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”.
Entre 2001 a 2006, João Acaiabe, interpretou o Tio Barnabé, no “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, na Rede Globo. Em 2007, ainda na emissora, o ator fez a novela “Eterna Magia”.
Teve destaque também no SBT, nas novelas, “Uma Rosa Com Amor”, em 2010 e “Chiquititas”, em 2013.
Com mais de 20 filmes, João iniciou sua carreira nas telonas, em 1981, no filme “Eles Não Usam Black-Tie”, baseado em uma peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, de cunho sócio-político foi adaptada para o cinema e dirigido por Leon Hirszman.
Em 1983, fez “A Próxima Vítima”, em 1985 “Chico Rei”, em 1986, interpretou um preso político no curta metragem “O Dia Em Que Dorival Encarou a Guarda”, de Jorge Furtado e que lhe rendeu o Kikito de melhor ator, no Festival de Gramado de 1986.
Em 1992, fez “El Viaje”. Em 1996 “Irmã Catarina”.
Em 1998, “Boleiros”.
Em 2000 fez “Cronicamente Inviável”.
Em 2002, “A Selva”.
Em 2005, “A Casa de Areia”, foi protagonista em “Bom Dia, Eternidade”, de Rogério Moura, 2010, onde contracena com o ator Edu Acaibe, seu sobrinho e “Aos Ventos que Virão”, de Hermano Penna, em 2014, entre outros.
Seus mais recentes trabalhos no cinema foram o curta metragem, “Diamante, o Bailarina”, em 2016, o longa metragem, M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, de 2018 e dublando o personagem Rafiki, do Rei Leão (2019).
Já dirigiu espetáculos sobre Luiz Gama e sobre o boxeador Emile Griffith, fez várias peças com Plínio Marcos, entre elas, “Barrela” e “Jesus Homem”.
Participou da histórica montagem de “Missa leiga”, de Chico de Assis, que fez temporada em Portugal, durante dois anos.
Atuou em “Pedro Pedreiro” (1967), “A Absurda Noite do Absurdo. A Caixa de Areia” (1969), “Prometeu Acorrentado” (1969), “Cândido” (1970), “Anjo Negro” (1990), “Lulu” (1974), “Lembrar É Resistir” (1999), “O Anjo de Pedra” (2011), entre outras.
Foi indicado ao prêmio “Moliére”, melhor ator do espetáculo Laços de Sangue e recebeu prêmios, como o “Mambembe” e o prêmio “Governador do Estado” de melhor ator do espetáculo “Vamos Jogar o Jogo do Jogo”. Em 2016, foi homenageado no 1º Prêmio AATA de Teatro Amador da Associação Amigos do Theatro Avenida, (AATA).
(Na pesquisa encontrei site que afirmavam, que além de Portugal, a peça foi para Angola e Moçambique, seu pai esteve no elenco em todas os países onde peça foi apresentada?)
Nossa gratidão
Há pouco tempo João Acaiabe foi confundido com o também ator Gésio Amadeu (in mémoria), vítima de Covid-19 no início de agosto.
João e Gésio interpretaram os mesmos personagens, Tio Barnabé, do Sítio do Picapau Amarelo, e Chico, da novela Chiquititas, o que causou confusão entre muitas pessoas.
A recente partida de Gésio Amadeu, Chica Xavier e Ruth de Souza, levanta a pauta sobre a importância de homenagear, referenciar e valorizar nossas referências ainda em vida.
Nossa Gratidão, Afeto, Admiração e Respeito à João Acaiabe.